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Pedal de bike elétrica, vale?

É coisa de preguiçoso? De quem não quer fazer esforço? 

Por Breno Bizinoto - Revista Ciclo Sul

Bike elétrica? Aí não vale!

“Jorginho comprou uma elétrica, mudou de time!”. “Roberto mudou pra e-bike, tá com preguiça de treinar”. “Marcelão fez o Caminho da Fé mas foi de elétrica, aí não vale!”

A E-bike é um time diferente. E não é mentira: ela te ajuda sim. Quando você está com preguiça de subir ladeira, também.

Tá com preguiça de pedalar, compra uma moto – escutei em uma discussão mais calorosa, vinda dos mais puristas do ciclismo (eles são muitos). Às vezes eu mesmo me pego concordando com alguns argumentos daquela reunião da discórdia.

Todas as novas tecnologias do mundo da bike foram renegadas em algum momento: aro 29, freios à disco, full suspension e canotes retráteis. E quase todas, cedo ou tarde, mostraram o seu valor e que vieram pra ficar.

A bicicleta elétrica, porém, ficou em um limbo, onde nem todas pessoas – sejam os puristas da santa inquisição da tecnologia, ou sejam os que gostam de se aventurar ao novo – souberam responder o “por que” daquele equipamento.

Agora eu posso pedalar com o meu pai de novo – escutei de um cara que ainda estava com a sua bike analógica (entendam por analógica sendo a bike comum, a que não é elétrica).

Escutei um outro falar que se esforçou diversas vezes para a namorada entrar no mundo do MTB, mas só deu certo quando ela experimentou uma elétrica e conseguiu acompanhar a turma com aquela ajuda extra.

E o que mais me chocou foi o relato de um atleta profissional que me explicou o quanto os treinos dele ficaram melhores e mais desafiadores depois que ele pegou uma elétrica. Com a bike comum, ele conseguia fazer três ou quatro descidas técnicas em um treino de duas horas de duração. Com a bike elétrica, ele podia fazer o dobro de descidas, aprimorando muito mais a sua técnica.

E na subida, ele me contou que tinha duas novas opções de treino:

Ele gostava de usar a potência do motor no mínimo, para fazer muita força nas pernas e manter uma velocidade similar à da bike aspirada (bike comum, analógica, feijão, tanto faz o nome).

A segunda opção para subir era utilizar a potência máxima e, ainda assim fazer muita força nas pernas. Nesse caso, o treino que ele faria era o de rodar uma velocidade acima da média das bicicletas comuns, fazendo com que a sua técnica, percepção e tempo de reação ficassem mais acostumados com a alta velocidade.

Quando você pega uma subida técnica em alta velocidade, é como se estivesse treinando a técnica de uma descida. Ou seja, a pilotagem é colocada à prova o tempo todo.

Lembro-me de ler um texto como esse em meados dos anos 2000, onde o Markolf, 13x Campeão Brasileiro de DH, contava que intercalava seus treinos de bike com sessões de motocross.

Eu tinha menos de 15 anos de idade quando li aquilo e fiquei sem entender. Se o esporte dele é bike, pra quê perder tempo andando de moto?

Hoje ficou bem claro, principalmente porque agora nós temos uma opção que se assemelha muito mais com a nossa boa e velha bicicleta aspirada, com pedais, quadro leve, mesmos freios, mesma suspensão e pneus, mas, com um silencioso motor que nos proporciona momentos mais extremos e mais desafiadores para o nosso preparo técnico. Não precisamos mais do motocross.

Diferente do que muitos pensavam, a bike elétrica pode intensificar os seus treinos, deixando tudo mais difícil, mais veloz e mais técnico. Ou mais fácil. Só depende da potência que você escolhe para o seu motor.

Essa intensificação dos treinos, assim como a inclusão proporcionada pela e-bike, são alguns argumentos que quebraram aqueles que tentavam invalidar o ciclista que se aventura nas elétricas.

E se dá pra ir mais longe, mais rápido, com muito mais intensidade na técnica e no aprimoramento do nosso esporte, eu te pergunto. Pedal de bike elétrica, vale?

Pois eu acho que vale em dobro.

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