Não é de hoje que se discute sobre os esportes que mais desenvolvem o corpo e mente de crianças e adolescentes. Nos anos 90 lembro que a natação era a atividade considerada como mais completa. Era unânime como toda a molecada era jogada na piscina nos horários que tinham fora da escola.
De fato este é sim um grande esporte que ativa vários grupos musculares, possui baixo impacto, assim como desenvolve a respiração e ainda ensina a criança a sobreviver dentro da água – uma questão de segurança.
Do lado de cá, tive a oportunidade de escutar bons argumentos sobre as qualidades de inserir a bicicleta na vida dos jovens, o mais cedo possível e a quantidade de benefícios que as famílias observaram.
Começo pelo que parece óbvio, mas alguns ainda não sabem: as horas voo fazem muita diferença. Começar cedo é primordial para que as habilidades sejam perfeitas.
Falo isso por que, pessoalmente, acho um pouco ruim a lei só permitir que se inicie o aprendizado de andar de moto depois dos 18 anos de idade. A habilidade de pilotar uma moto (e uma bike) será muito melhor explorada se os pilotos receberem instruções o mais cedo possível.
Sem dúvidas, as crianças que iniciam cedo vão ter mais muito mais habilidade, destreza e segurança do que os adultos que decidem começar aos 30 anos de idade (ou mesmo que seja aos 18) – vale para moto ou para bicicleta.
Precisamos pontuar que a bike explora algo que é novo para qualquer criança: estar em velocidade superior à que ela jamais esteve por conta própria.
Esta experiência treina habilidades que vão além daquelas que testam o reflexo convencional de uma pessoa aprimorar o seu tempo de resposta, como acontece em esportes que testam o reflexo sem explorarem a velocidade (por exemplo o futebol).
Estar em deslocamento em alta velocidade testa sentidos como a visão rápida, sons de ruídos e ventos e até o tato do vento que bate pelo corpo e serve de orientação da velocidade que você está e qual é a necessidade de aumentar o seu nível de alerta.
Para se ter ideia do quanto é importante treinar os sentidos humanos em alta velocidade, este é o motivo de vários atletas de enduro e downhill colocarem treinos de moto e bike elétrica em suas sessões semanais. Eles alegam que explorar o sentimento da velocidade mais alta do que o convencional lhes treina para respostas de pilotagem ainda mais assertivas, torna a leitura do terreno mais ágil e aprimora todos os sentidos que são demandados no momento das acelerações e frenagens mais bruscas.
Bernardo Cruz em seus treinos de bike elétrica.
Bernardo Cruz em um treino de moto
Explicar o quanto a bicicleta pode desenvolver o equilíbrio dos pequenos pilotos é um tema que vai além de simplesmente se equilibrar em duas rodas. Existe muito mais do que isso na prática de se equilibrar na bike.
Já viu que alguns iniciantes tem dificuldade de pedalar em pé? Certamente eles já sabem se equilibrar em duas rodas, até por isso o fazem sem muito esforço quando estão posicionados no selim da bike.
Não é que pedalar em pé mude as leis da física, mas é um exemplo de como é importante ensinar essas regras de equilíbrio não só para a nossa cabeça, mas para cada um de nossos grupos musculares.
Quando pedalamos em pé, tiramos um pouco a responsabilidade do equilíbrio de nosso tronco e colocamos muito mais nos nossos braços. É como tentar escrever com a mão esquerda – as regras e os movimentos são os mesmos, mas por algum motivo, temos dificuldades em fazê-lo.
Deixo aqui um grande exemplo do Rafinha, que nasceu com nanismo e ainda muito jovem tinha dificuldades para se equilibrar ao caminhar. Andar não era uma tarefa fácil para ele, mas por incrível que pareça, o aprendizado de pedalar parece ter sido um pouco mais natural, que desenvolveu o seu corpo a ponto de eliminar as dificuldades que antes ele tinha para andar.
Andar de bike deixou o corpo dele muito mais afiado para resolver aqueles problemas de equilíbrio que ele tinha ao caminhar.
Rafinha começou a pedalar com bike de equilíbrio aos 2 anos de idade (talvez até antes). Hoje, aos 10, ele já faz manobras que a maioria de nós nem pensa em fazer.
São inúmeras as habilidades desenvolvidas com a bicicleta, onde poderíamos escrever um livro para dissecar cada uma delas: equilíbrio, grupos musculares, intimidade com alta velocidade, reflexo, visão periférica, orientação espacial, resistência física, explosão muscular e vários outros. Fora a parte de determinação e motivação que todo esporte entrega.
A infância não é o melhor momento para se explorar a resistência física ou explosão muscular. Pedalar por si só e treinar as habilidades motoras, reflexo, manobras e truques já é um exercício físico perfeito para eles desenvolverem o corpo e mente em um nível que poucos esportes conseguem entregar.
Explorar as habilidades físicas que trabalham com o desenvolvimento cognitivo e psicomotor é o grande diferencial que a bicicleta possui quando comparado com outros esportes na fase de desenvolvimento.
É por isso que dizemos: andar de bicicleta não se esquece nunca. Aprender a pedalar é tão importante e tão instintivo quanto aprender a caminhar – faz parte da infância de todos e sempre vai ter um lugar no nosso coração.
Super legal!
Importante demais perceber e entender como a bike, fazendo parte da vida dos Groms, pode trazer benefícios extremamente importantes.
Adorei a reflexão sobre a bike e a moto, o equilíbrio do corpo, e, principalmente, sobre o nosso querido Rafinha, uma inspiração GROM para todos nós.
Adorei o material! Mandou bem, Breno!